segunda-feira, 20 de abril de 2009

A cor que se tem...

Dia desses li numa matéria a questão da raça novamente em "cheque".
Sinceramente raça na minha opinião é para os animais, não para humanos.
A questão girava em torno das cotas para os desfiles SPFW, não estou aqui para levantar bandeira, me mostrar contra ou a favor alguma coisa. O que me incomodou na verdade, foi a declaração de uma estilista. Ela disse que já tinha negros demais trabalhando por trás dos desfiles, costurando, limpando, auxiliando, não precisava tê-los na passarela.
Negros demais?? O que ela realmente quis dizer com negros demais.
Acredito que ela como uma estilista, que trabalha com arte de confeccionar, não tem "costurado" muito bem suas idéias.
Ela tem o livre arbítrio sim de escolher os modelos que irão vestir seus trajes, mas se referir as pessoas pelo tom de sua pele já é demais. O Brasil é um país misto, várias culturas, linguagens e tradições. Como simplesmente definir que brancos ficam melhor em certas roupas do que negros?
Ela é preconceituosa e nem sabe, ou sabe, ou não se dá conta, assim como a maioria quando se refere ao tom da pele, a opção sexual...
As cotas também não facilitam nada, na minha opinião, não resolvem o problema, apenas amenizam. Se é para participar que seja por mérito, não por cota.
Tudo tem cor, o céu é azul, as árvores são verdes...mas as pessoas são coloridas, tem brilho e luz. Não gosto particularmente de dizer este é branco, este é negro, este é amarelo. Até porque os brancos tem vários tons, assim como os negros, amarelos, índios.
Quando criança, em uma brincadeira no pátio da escola, me chamaram de nega do cabelo duro. Eu chorei, pois minha inocência infantil sentiu toda maldade que estava por trás da brincadeira dos colegas.
Ao chegar em casa eu contei pra minha mãe, que como sempre fazia e faz, me explicou assim:
- Filha, não chora, você não é diferente de ninguém, você tem até uma coisinha a mais sabia? Sabe o que é? Chama melanina, e é ela a responsável por deixar você assim com essa pele maravilhosa.
Depois dessa conversa, entendi, que somos iguais por que somos humanos, mas não somos idênticos.
São esses valores que penso em passar aos meus filhos. Quero que saibam que cada um é importante exatamente por ser quem se é.
Sou filha de mãe negra e pai branco. Mãe que é filha de pai branco e mãe negra. Pai que é filho de mãe branca e pai índio. Quer mais colorido que isso? Tenho todas as cores em mim, posso ser rosa, verde, vermelho...posso ser o que quiser.
Pois sou livre e o tom da minha pele não influencia na essência do meu ser.

Um comentário:

Jorcenita disse...

Lamentável o comentário da estilista. Profundamente lamentável!