quinta-feira, 27 de maio de 2010

Vida de Foca - Viajei com Madu

É difícil desfazer laços, tanto que, tenho retornado para casa todos os finais de semana.
Já relatei minha primeira experiência como jornalista profissional, agora relato meu primeiro retorno...
Viajei com Madu!
Sentei no primeiro banco e observei a entrada de todos os passageiros.
Quando a grande maioria já estava acomodada, vi uma senhora embarcar e sentar-se bem ao meu lado.
Logo atrás dela uma moça com uma criança no colo, era a Madu. Com um beijo na pequena, a moça se despediu e disse: - Vai com a vovó!
Percebi que Madu seria minha companheira de viagem. Madu me sorriu, sorri também. Perguntei seu nome e a resposta saiu meio confusa, entendi Manu, foi nesse momento, que vovó se comunicou comigo pela primeira vez. Mal sabia eu, que juntas iríamos compartilhar muito mais que a viagem.
Foi ela que toda atenciosa, explicou que era Madu, - "na verdade é Maria Eduarda, mas ela mesma que se apelidou de Madu, né 'fiinha'". Vó, neta e eu sorrimos e selamos nesse momento um estreito e recente laço de amizade.
A pequena conversou algumas poucas palavras e logo se pôs a dormir, aconchegada nos braços da vovó.
Iniciamos nosso diálogo, nos dirigíamos a Santa Cruz, mesmo destino, rumos diferentes.
Foi nesse momento qucompartilhei uma bela história de vida...
-Vou passar o fim de semana com a minha filha! Nem sempre ela consegue ir nos ver. Relatou minha parceira exatamente no momento em que seu olhar vagou, para um lugar que não pude compartilhar, mas certamante um passado nem tão distante.
-O que ela faz?
-Trabalha e ta encerrando os estudos. Trabalha no hospital, as vezes ta de plantão.
-Sei...
Decidi nesse momento deixar a vó de Madu falar, observei que era isso que ela queria. Me contar sua história, para que eu pudesse ouvir e saber mais sobre ela e sua vida.

"Tive 8 filhos, eles já tavam criados, quando decidi pegar a mãe da Madu. Tinha que ver, era um ratinho, pequeninha, e essa aqui(Madu), nasceu igualzinha. A gente achava que ela nem ia se criar. a guria não queria mamar de jeito nenhum. Mas sabe o que era? Ela gostava de mama morninho...risos
Sempre foi uma espoletinha, olho pra essa aqui e vejo ela. Meus outros filhos me ajudaram muito, eu nunca sai de Sobradinho, vivi minha vida toda aqui. A minha filha tentou estudar em Santa Cruz e trabalhar aqui, mas não deu. Ela se cansava muito e o dinheiro era pouco. Conseguiu uma coisa melhor, mas não tinha como levar a Madu junto, ai ela ficou comigo. É minha companheira, alegra a minha casa, me ajuda e tudo.
Mas eu não tenho mais pique, sabe?! Esses dias cai e quebrei o braço, nem consigo 'garrar' ela no colo direito. Ela não incomoda nada, nada. Tenho 79 anos, mas faço tudo na minha casa".
Madu acordou e trocou umas palavras sobre o movimento na estrada. Vovó deu bolachas para Madu, aguinha, acariciou e era retribuída com carinhos. Eram cúmplices.
Chegamos. Com sacolas e mais a criança, ofereci ajuda.
-Vem com a tia Madu?
O sim veio na forma de sorriso e balanço positivo da cabeça.
Desci com Madu nos braços. O Kiko já me aguardava e ficou surpreso ao se deparar comigo e uma criança.
Aguardei até a vó se ajeitar e pegar suas coisas. Madu no meu colo observava e apontava coisas na rodoviária.
Na despedida, ganhei um beijo da pequenina e um aceno daquela mãozinha miudinha.
A vó me agradeceu e despediu-se com um até logo, e a promessa de nos reencontrarmos em Sobradinho.

Não a vi mais...de Madu carrego apenas a lembrança!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Domingo é cinza
Segunda é triste