sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Quando cresci?


Com a proximidade de minha data festiva, as lembranças começam a me visitar.
Em uma conversa distraída esse dias, lembrei de minha papua de papuada*, o quanto ela e minha mamadeira me ofereciam horas de prazer. Como era boa minha papua e como eu a perdia dentro de casa. Mas a minha heroína, alcunha MÃE, estava sempre apta a encontrá-la ou me fornecer outra.
Lembro também, da ânsia que tomava meu corpo na hora de limpar-me sozinha. Nossa!! Preferia sempre o grito: - Mãaaaeeeeeee, to pronta!
Sim, chamava a mãe, a tia, a prima...mas sozinha era vômito na certa.
Lembro também das palavras mais complicadas, difíceis, que tive que aprender - ons, remelho e amarron*.
Que saudosa infância!
Dos momentos compartilhados com meus irmãos, com meus pais e amigos. E o quanto minha inocência, conseguia transformar as coisas ruins em boas. Como a vez que meu pai se desequilibrou, caiu em cima do meu berço, quebrando algumas ripas de madeira cerradas por ele depois e eu feliz da vida que meu pai tinha feito uma portinha para eu entrar!
Eu e meu irmão mais velho cantando e pulando na cama da mãe - o Hino da Dona Irota*.
Ouviram das pitanga e bergamota
Eu vi a dona Irota virar cambota
Apesar da afronta a nosso Hino Nacional, eu achava o máximo. Meu irmão e sua "guitarra vassoura", eu e qualquer "vidro de perfume microfone", cantando, gritando e ao final claro, virávamos uma bela cambalhota na cama da mãe.
Depois, mais um membro chega a nossa família - minha maninha. Apostei uma bala e um 'chiclé' com o mano que seria uma menina. Aposta ganha, mas nunca quitada!! Acreditei que ela seria minha parceira, ledo engano, puxa-saco do mano.
Lembro com carinho das palavrinhas da Dede, anana, pauinha, viriga*... E de sua insistência em dizer que a mãe preferiva* eu...
Nesses anos passados, tão recentes na memória, fica o questionamento quando foi que cresci?
Quando foi que parei de brincar e brigar com meus irmãos?
Quando foi que deixei de caber no colo do pai e nos braços da mãe?
Quando foi que minha barbie voltou as caixas de brinquedos?
A verdade é que não me sinto crescida, claro que, em proporções físicas o crescimento é vísivel, assim como o amadurecimento de algumas ideias.
O que quero (e o que sinto) dizer, é que se eu quiser ainda posso recorrer aos braços de mamãe, tudo bem se quiser brincar e também gerar alguma discussão com meus irmãos. No entanto, não será mais como antes e é por isso que sinto que cresci...mas não sei quando.

*Dicionário Alinees e Dedees

Papua de papuada - Bico, chupeta (sim eu usava a expressnao para pedir meu bico. eu que inventei!)

Ons - Ônibus (Fiquei uma tarde treinando com uma amiga da minha mãe, até que finalmente abandonei, ou melhor, 'desci' do meu ons)

Remelho - Vermelho (eu conseguia a incrível façanha de falar verde e não dizer corretamente vermelho, coisas de criança)

Amarron - Marrom (ah essa é um clássico infantil)

Dona Irota - A vizinha mais velha da rua em que morávamos e que não gostava de crianças

Anana - Banana (primeira palavra da minha irmã sentada no balcão da venda)

Pauinha - Paulinha (chamando uma gurizanha que tava ssempre pela rua)

Viriga - Virilha (ela sentia muitas dores nessa região, principalmente se visse meu irmão chegar do futebol com dores, logo, ela também sentia!)

Preferiva - Preferia (ela tinha verbos próprios, preferiva, morriva...e assim ia)

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