quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Velha Infância


Como diz a chamada de meu blog, tem certas coisas que eu não sei dizer.
Não sei dizer o que nos leva a lembrar algumas coisas que outros esqueceram.
Eu por exemplo, fui, sou (não sei definir muito bem), mãe de muitos filhos. Não meus filhos, mãe dos filhos dos outros!
Durante 5 anos da minha vida, trabalhei como monitora em uma escola de educação infantil e foi lá que experimentei as mais diversas sensações que se possa sentir quando se está perto de uma criança.
De muitos fui eu quem troquei as fraldas, vi se arriscarem em seus primeiros passinhos, ajudei a segurar a colher, bati palmas quando usaram pela primeira vez o vaso sanitário. Ensinei, mostrei o que era perigoso, disse não com firmeza, segurei em meu colo todas as vezes em que tiveram medo ou não conseguiam se adaptar a algo novo. Na pracinha, quantas foram as vezes em que brincamos juntos, inventamos nossas histórias de aventuras, lá também aconteceram alguns acidentes, como aquela do super-herói que voou e acabou pousando com a cabeça nas pedras. E lá se foi a profemãetiaprotetoraamigacarrascaheróina levar o herói fraturado e segurar firme, sem poder sentir medo e ver levar três pontinhos na testa...aff
Para muitos eu fui a mãe substituta, era só comigo que ficavam, comiam, dormiam...era comigo que se sentiam seguros.
Passados alguns anos, muita coisa mudou. Troquei de emprego, conheci novas pessoas, me relaciono com outras crianças (sim no meu atual emprego também convivo com elas diariamente), no entanto nunca esqueci dos meus "filhos".
Mas quis o destino que muitos de meus filhos se esquecessem de mim. Não que eles sejam ingratos, não, apenas estão crescidos e o tempo se encarregou de apagar de suas memórias infantis a Profe - Tia Aline.
É bastante comum eu encontrá-los na rua, com seus pais e alguns até com irmãozinhos, cumprimentá-los e receber de volta somente um sorriso amarelo. Junto do sorriso uma expressão do tipo "quem será ela?"...
Ah mas isso pouco importa, fico feliz em ver as mesmas feições daquele rosto pequenino que muitas vezes afaguei.
Tem coisas que ninguém pode tirar de você. De mim ninguém pode tirar os muitos Pedros, Lucas, Gabriéis, Larissas, Lauras, Théos, Brunos, Fernandas, Luísas, Joões, Eduardos, Eduardas, Felipes, Vinis, Giovanas...uma infinidade de "serzinhos", que fizeram toda a diferença.
Como esquecer uma japinha pesada, robusta que gostava de dormir no seu colo, mesmo que depois seus braços amoleceriam de tanto peso?!
Como esquecer um Dudu que veio para escola com dois meses, o xodó da turma?!!!
Como esquecer aquele grandalhão, choroso, que falava em alemão as primeiras palavrinhas, mas adorava a profe Aline?!!!
Como esquecer aquele que por não ter sua mamãe sempre perto, adotou uma mamãe preta pra ele?!
São por essas e por outras que nem me importo em receber uma carinha de indagação, quando que com felicidade encontro algum deles. Até acho meio injusto, da uma vontade de falar "ei cara, fui que limpei o seu bumbum muitas vezes sabia?", mas isso logo passa e vejo que a essência é mesma o que muda é a aparência.
Beijos a todos que fizeram parte da minha história, que fizeram eu compreender que ser humano é mais, que me fizeram amadurecer e enxergar que ser criança é o máximo!

Até mais...

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